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Desgaste interproximal

Olá pessoal!

Recentemente recebi alguns questionamentos de alguns neófitos na ortodontia sobre desgastes interproximais e do porquê eles são necessários.

Distante de entrar nas discussões derivadas dos radicais da ortodontia, ou seja, aqueles que dizem em toda frase as palavras “nunca” ou “sempre” (sempre sem qualquer embasamento científico) vamos explicar quando e porque utilizamos pequenos desgastes na ortodontia.

 

  1. Devido à discrepância de Bolton.

Existe algo chamado discrepância de Bolton, em uma porcentagem altíssima das pessoas portadoras de más oclusões. Essa é uma discrepância entre os tamanhos mesio-distais entre os dentes da arcada maxilar e mandibular. Para o correto relacionamento dos dentes existe uma proporção entre os dentes superiores e inferiores.

Essa relação pode ser compreendida facilmente utilizando-se o exemplo de uma caixa de sapato. A tampa da caixa de sapato (a arcada superior) precisa ser levemente maior que a caixa (a arcada inferior). A tampa pode ser levemente maior que a caixa, mas se ela for levemente menor ela não encaixa. Se a discrepância for muito grande a caixa não fecha bem….

Assim, se você tem uma tampa menor que a caixa, você precisa aumentar a tampa (aumentar o perímetro da arcada superior) ou diminuir a caixa (diminuir o perímetro da arcada inferior). Dependendo do paciente e do diagnóstico diferencial,  o ortodontista pode desejar não adicionar resinas ou cerâmicas aos dentes superiores  de um paciente, e nesse caso ele precisa diminuir o perímetro da arcada inferior.

Isso pode ser realizado através da diminuição do diâmetro mésio-distal dos dentes anteriores, se o problema do encaixe é na relação caninos/overjet, ou nos dentes posteriores, se o problema está localizado nos molares e premolares, como nos pacientes classe III. (O excesso de massa dentária inferior é característico nas más oclusões de classe III).

 

2. Devido aos “triângulos negros” (formato dentário)

Dentes anteriores ou posteriores excessivamente triangulares, aliados ou não a perda óssea podem passar por um recontorno de seu formato feito ou por adição de materiais restauradores ou por diminuição de massa dentária. Existe um diagnóstico diferencial que é feito pelo ortodontista para tomar essa decisão baseado no caso clínico.

 

3. Para diminuir o perímetro da arcada de forma geral ou localizada

O ortodontista pode evitar extrações de premolares através do desgaste de todos ( ou somente alguns) os dentes da arcada, visando evitar extrações. Isso pode ser realizado visando a retração dos incisivos ou evitando a protrusão dos mesmos.

Novamente, é o ortodontista quem pode opinar sobre o assunto e quem geralmente decide, junto ao paciente, qual caminho tomar. Alguns ortodontistas se inclinam a nesses casos específicos extrair ou desgastar.

Vale a pena lembrar que a opção de não extrair e não desgastar também existe, em muitos casos.

 

4. Para se aumentar a estabilidade do alinhamento ântero-inferior

Autoridades na ortodontia sobre a estabilidade, como Wick Alexander e Jim Boley, defendem a mudança do ponto de contato dos incisivos para faces de contato, mais amplas, visando melhorar a estabilidade dos seus casos.

Esses ortodontistas, tem inúmeros trabalhos publicados nas revistas ortodônticas de boa reputação e tem disponibilizado a documentação pós-tratamento de milhares de seus pacientes  para escrutínio de universidades americanas. Esses sobrenomes aliados a outros como Litttle, são responsáveis pelo que sabemos sobre estabilidade a longo prazo.

 

Eu acredito que são esses os motivos majoritários pelos quais, quando indicado, realizamos desgastes dentários. Lembrem-se sempre de escrutinizar uma opinião com mais atenção quando as palavras NUNCA e SEMPRE se mostrarem demasiadas em um discurso. Adicionalmente, sempre peça evidências, principalmente dos gurus autodeclarados.

 

Boa noite,

 

R.


Um Comentário

  • Responder Adalberto |

    Sim , bem interessante as colocações segundo o Prof. Fábio tem até uma forma correta de fazer o desgaste de preferência em um sentido que ocorra o travamento natural , visto que na boca tudo vai pra frente com o tempo…É claro que o tempo e principalmente condição alimentar e hábitos pode favorecer ou não o desgaste interproximal , associado ao fato do desgaste oclusal natural ou ocassionado por doenças mentais ou não , associadas ao bruxismo. É um assunto polêmico.

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