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Escrevendo o nome da Sofia

Boa Noite,

 

Quem nunca tentou escrever o nome da filha com fio ortodôntico?

foto

 

Não é fácil, vou dizer….principalmente com fio de NiTi .017″ X .025″! Mas o difícil mesmo é saber como!

 

Boa Noite,

 

R.Martins


Sistemas Consistentes e Inconsistentes

Boa Noite,

Hoje eu queria fazer um pouco sobre a consistência de sistemas de força quando comparamos o que gostaríamos que ocorresse comparado com o que ocorre na ortodontia.

Aposto que você já se perguntou porque é tão difícil corrigir dentes de extremidade na ortodontia.

Sabe aquele segundo molar cruzado…aquele mesmo…não importa o que eu faço, as dobras que eu dou…ele rotaciona…mas fica cruzado… – É desse que eu estou falando!

Mas como as coisas são engraçadas…tem segundo molar que corrige fácil, no nivelamento mesmo. Por que será?

Bom a resposta é a seguinte (em itens devido a eu ser metódico), com os respectivos problemas descritos:

1 – A extremidade do arco ortodôntico é muito flexível, pois não há apoio distal ao último dente. Então não há estresse, ou força, suficiente para a correção. Então tudo já fica difícil.

2 -Mas a correção não é impossível com arco contínuo. Em parte dos problemas, o sistema de força para a correção do molar é consistente com o sistema de força que o fio contínuo exerce…ai não é tão difícil corrigir. A correção fica muito difícil quando o sistema de força para a correção do molar é INconsistente com o sistema de força que o fio contínuo exerce…ai é quase impossível.

 

consist incossi

 

Para esses casos inconsistentes, temos nossa alça retangular que inverte a inserção forçada do fio aos bráquetes proporcionada pelo arco contínuo:

alça3

 

Nos casos inconsistentes (levando em consideração o segundo molar só…a unidade ativa), a distal do molar vai estar fora de posição (ou mais fora de posição que a mesial dele). Se o arco for muito flexível na distal, fica difícil de resolver o problema. É ai que entra a alça retangular. Como ela inverte a inserção do fio, a distal do segundo molar fica mais rígida que a mesial, o contrário do fio contínuo. PROBLEMA 1 RESOLVIDO

Mas ela também resolve o PROBLEMA 3 , devido à sua geometria ela consegue desassociar o momento causado pela força, como o fio contínuo faz. Na verdade, até seria possível com uma dobra em “V” reproduzir um sistema de força consistente (nesse exemplo que estamos falando só estamos olhando o lado do 2o. molar), mas a distância interbráquete é proibitiva, tornando essa solução impraticável.

Diga-se de passagem, que não vê o que o grande Tom Mulligan faz com arco contínuo? Além de saber de luta-de-braço ele sabe de  mecânica. Mas para ele fazer o que faz, ele não monta os pré-molares. Ele deixa aquela distância interbráquete gigante entre caninos e molares para trabalhar com as dobras em “V” dele (e mesmo assim não sabemos o que ocorre com a parte anterior do arco).

 

Portanto, nos casos onde a distal dos 2os molares estiver ruim, alça retangular neles.

Boa Noite,

 

R.Martins


Ainda sobre o adesivo…

Bom dia,

Outro dia um colega chamado Glaidson Louzada me enviou uma pergunta questionando sobre um artigo da literatura brasileira que afirma que se pode usar resina composta sem adesivo. O artigo vem abaixo:

Colagem ortodôntica em esmalte com presença ou ausência de contaminação salivar: é necessário o uso de adesivo auto-condicionante ou de adesivo hidrofílico? / Orthodontic bonding in dry and saliva contaminated enamel: is a self-etching primer or a moisture-insensitive primer necessary? Rosa, Cristiane Becher; Pinto, Roberto Amarante Costa; Habib, Fernando Antonio Lima. Rev. dent. press ortodon. ortopedi. facial; 13(3): 34-42, maio-jun. 2008.

Coloco abaixo a minha resposta ao Glaidson:

 

Boa noite,

Que bom que o blog estimulou você a procurar informações…legal você ter encontrado um artigo que coloca um contraponto ao que eu escrevi. No passado, eu já discuti o artigo que você mencionou na pós-graduação com alguns dos meus alunos e posso transcrever abaixo o que pensamos. Obrigado por opinar e, por favor não leia o que escrevo abaixo pensando que estou tentando argumentar agressivamente ou mesmo criticar você. É uma crítica científica sincera aos achados desse artigo. Também não é uma crítica pessoal a nenhum dos autores. O objetivo é explicar que os dados apresentados pelo artigo não contrapõe as afirmações feitas por mim, baseadas nas evidências disponíveis até dias hoje.

Vamos lá:

As conclusões descritas no RESUMO não refletem o que foi testado. Ela diz: “… com o controle de umidade, não é necessário o uso de um adesivo para se atingir uma adesão aceitável…”.

Pausa…como assim? Adesivos convencionais não foram testados!!!

Parafraseando meu amigo Leonardo Koerich: “Basear conclusões clínicas a respeito de x em estudos que avaliaram y acredito que seja apenas “achismo”, e no “achismo” até Angle já se enganou…”

Mesmo se alguém escolher (erroneamente) a ir por esse lado, não se pode achar que o comportamento de adesivos convencionais seriam os mesmos que a do adesivo autocondicionante testado, já que a literatura mostra uma MAIOR resistência ao cisalhamento dos primeiros em ambientes isentos de umidade. Eles são produtos químicos diferentes, e isso não comprova que você pode e nem mesmo DEVE utilizar resina sem adesivo numa colagem convencional.

Adicionalmente, um p=.06 desacompanhado do poder da amostra não quer dizer nada (pelo menos para mim). Mesmo que foi definido em um trabalho que somente o p abaixo de .05 seria significante, não se pode ter certeza que .06 não o é, sem obter o “poder” da amostra. O poder é o quanto % de certeza você tem, nesse caso, de que não há diferenças mesmo. Mesmo os autores não tendo colocado, dá para calcular e no caso dessa afirmação o poder é 50% (eu calculei). Isso quer dizer que os dados apontam para 50% de certeza que realmente não há diferenças entre os grupos…um pouco baixo para fazer uma afirmação que muda uma regra físico-química que tem sido colocada em prática desde que a resina composta foi inventada, não é mesmo?

“O ônus da prova cai sobre quem desafia o que já foi estabelecido cientificamente”

E não para por ai, a utilização de adesivos não serve somente para obter-se uma adesão adequada. Esses selantes protegem o esmalte que foi condicionado e também previnem microinfiltração ao redor da resina utilizada pela colagem.

Segundo, os valores descritos por Reynolds (de 6-8 MPa, sugeridos como opinião pessoal dele num artigo de revisão em 1975) não podem ser tidos como um padrão ouro e nem podem ser comparados com cisalhamento em dentes bovinos. Não se pode utilizar dados planejados para humanos e compará-los com os obtidos em bovinos, e finalmente, extrapolá-los para humanos de novo…ciência não funciona assim.

Na verdade, se alguém considerar 6-8 MPa como um valor de cisalhamento adequado, é melhor utilizar um cimento de ionômero para colar bráquetes, que promove a mesma resistência, é mais barato, libera flúor e é menos sensível à contaminação. Mas…quantas pessoas você conhece que utilizam ionômero para colar bráquete como protocolo? Clinicamente ele se mostra inferior a resinas compostas…Será que é fácil convencer alguém que usa resina a mudar para ionômero com o argumento de que a força que ele promove é suficiente (baseado numa opinião de 1975)? Você mudaria para o ionômero e o utilizaria em todos seus pacientes?

Qualquer resina por pior que seja, vai te dar valores acima de 6-8 MPa se você usá-las de forma convencional (com adesivo).

Ainda assim, pegue o valor de 8,9 MPa relatado, adicionado ao alto desvio padrão (4,6 MPa, o que é mais da metade do valor mensurado), e pense de uma forma que você pudesse extrapolar esses valores para uma situação real.

Se realmente houvesse uma distribuição normal (Por quê colocar medianas na estatística descritiva…?), 34% dos dentes que você colasse possuiriam uma resistência ao cisalhamento entre 4,3 MPa e 8,9 MPa, enquanto 16% possuiriam uma RC menor que 4,3 MPa. Isso quer dizer que uma parte de seus bráquetes colados (20-25%) teriam a RC abaixo do considerado adequado, e já sabemos que esses valores de 6-8 MPa não o são.  Imagine isso somado aos bráquetes que normalmente já se soltam…eu acho melhor usar adesivo!

 

Abraço,

R.Martins

 


De volta da AAO: Novidades?

Boa tarde!

Depois de duas semanas estamos de volta ao Brasil. Chega de folga!

O congresso da AAO desse ano, em New Orleans, estava vazio…de americanos e de brasileiros. Isso não tornou o congresso menos interessante e proveitoso. O assunto em alta desta vez foi a ortodontia acelerada; corticotomias e perfurações apareceram de vez para tentar acelerar a velocidade da movimentação dentária. As vibrações entretanto estavam em baixa, muita gente dizendo que o efeito é desprezível e que o custo não justifica o uso de aparelhos com o Acceledent…vamos ver nos próximos meses o que a evidência nos diz. A Birte Melsen mostrou que ainda está na crista da onda, mesmo nos seus 70 e poucos anos, e palestrou sobre tratamento dos problemas verticais… e inclusive continua destemida fazendo uma afirmação que muitos querem fazer, mas poucos tem coragem,…nas palavras dela:

“Não existe evidência científica que suporte a utilização de exercícios miofuncionais ou “speech therapy” (fonoaudiologia) no tratamento dos problemas verticais.” Wow!

 

Na área comercial, sem grandes novidades: o preço do Valo subiu para 1350 dólares (sorte de quem comprou no ano passado ou nos outros anos), a Ormco mostrou o seu “novo” scanner de boca, o Lythos, que é fantástico…mas custa em torno de 20.000 dólares e uma empresa chamada Propel lançou um acessório para se realizar microperfurações para acelerar o fechamento de espaços (como mostrado no AJODO por Alikhani et al em 2013). A American Orthodontics também lançou um protrator mandibular (hoje em dia cada compania parece que tem o seu) que foi bolado pelo Andy Hayes e que vendeu muito no congresso (5 jogos por 400 dólares) e, finalmente, um amigo meu, o Hilton Goldreich lançou um programinha que já está funcionando no Brasil, chamado Orthodontext (www.orthodontext.com) . Através dele, você consegue mandar mensagens para os celulares de pacientes (e para os seus pais) lembrando-os de usar elásticos, AEB, alinahdores, etc… pela plataforma IOS ou Android. O serviço também parece que pode ser ajustado para confirmar as consultas sem ter que ligar para os pacientes.

Na parte social houve alguns “convescotes” interessantes, como de praxe, com algumas companias dando festas com bebida e comida a vontade.

Depois do congresso eu passei por Dallas, para visitar amigos e também para dar uma aula de colagem indireta para os alunos da pós-graduação. Cansei um pouco, porque foi a primeira vez que palestrei 4 horas e meia em inglês, mas acredito que foi legal…consegui segurar os alunos até depois do horário numa sexta-feira!

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Bom, mas vamos a uma das novidades:

Eu recebi o convite oficial da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press, através do seu editor chefe Carlo Marassi, de escrever em toda edição uma coluna sobre ortodontia. Ainda estamos decidindo o nome da seção (provavelmente vai se chamar Biomecânica) mas nela eu vou abordar assuntos virados à prática clínica e a uma ortodontia mais pragmática (a que eu faço).

Fiquei muito feliz com o convite, que é lógico teve a participação do Alexandre Câmara, editor associado, e do publisher Laurindo Furquim.

Então para vocês que gostam do que eu escrevo no Smartodontics, sigam a coluna na próxima edição da RCDP!

 

Abraço,

 

R.Martins

 

 

 



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