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Uma dica para a remoção de resina!

Boa tarde,

Estou aqui em casa muito feliz…2014 está chegando e estou cheio de perspectivas para esse ano que chega!

Com muito trabalho! Fora os quatro consultórios, quatro turmas de especialização, orientações de mestrado e doutorado, em janeiro estamos em João Pessoa, na ABO para um curso de 3 dias hands on da técnica de Alexander. Em fevereiro, temos mais uma turma do curso de colagem indireta aqui em Araraquara (e minha filha nasce!!!!), em março temos um curso de oito horas na Associação Angle, em Curitiba, em abril…palestra sobre mecânica com bráquetes de safira para a ABOL, em maio temos a AAO, em junho dou um curso para a ABOR – SC, em Florianópolis, em julho temos outra turma de colagem indireta e um educator’s meeting nos EUA, finalmente em setembro, temos uma aula de oito horas sobre preparo cirúrgico para o pessoal da Ortodontia Contemporânea, em Salvador….ufa! Vai ser difícil coordenar filha e trabalho, mas vamos tentar!

Como eu acredito que sempre colhemos bons frutos do trabalho, bola para frente.

Bom,  vamos voltar ao assunto do post de hoje!

A remoção de resina para a recolagem ortodôntica ou para a remoção definitiva dos acessórios pode ser um problema se não formos extremamente cuidadosos, pois estamos sempre preocupados para não remover esmalte junto com o remanescente de resina, não é mesmo?

Por vestibular, temos várias formas de evitar isso…eu costumo a usar brocas multilaminadas e um alicate próprio, da ETM, para esse fim e é lógico que um polimento final vem bem a calhar também. Já respondendo…não gosto muito das brocas “shofu”, a possibilidade de ela desgastar esmalte é muito alta.

Bom, mais por vestibular é tudo mais fácil…o problema, meus amigos, é por lingual. Não só para quem faz mecânica por lingual, mas também para as contenções coladas, já que uma das razões do porque uma barra 3 x 3 ou 4 x 4 inferior (ou uma 1 x 1 ou 2 x 2 superior) cai depois de uma primeira recolagem, é porque não se removeu toda a resina do esmalte.

Já na ortodontia lingual, o motivo de insucessos de recolagens também advém parcialmente desse motivo. Ainda na ortodontia lingual, a remoção total da resina utilizada após o fim do tratamento é mais difícil do que por vestibular, pois a nossa visualização fica prejudicada.

Várias pessoas tem utilizados resinas coloridas esses fins, como eu também usei por um tempo…mas de 3 anos para cá tenho utilizados uma resina muito boa da Opal chamada OpalBond MV. A vantagem dela sobre outras resinas é que ela é sensível à luz negra, então com uma lanterninha qualquer, dessas de chaveiro mesmo, de luz negra (dada pela mesma empresa ou comprada na internet) você consegue identificar exatamente o que é resina e o que não é. Daí fica bem mais fácil remover o resina por lingual, ou mesmo por vestibular, com mais segurança.opa

Quanto à influência desse fator na fotoconversão da resina, co-orientamos uma tese em Araraquara onde vimos que dada uma mesma energia, essa resina polimeriza mais rápido que a transbond da 3M. O artigo está em fase de revisão, quando for publicado, coloco ele por aqui!

Quanto ao poder de adesão, ela se compara a transbond, conforme pudemos avaliar clinicamente e através de uma pesquisa clínica com desenho split-mouth, que está em andamento, também aqui em Araraquara.

Finalizando, acredito que esses são motivos muito bons para utilizar essa resina tanto para a colagem de bráquetes linguais ou botões, como para colar contenções com a sua versão flow.

Um abraço a todos,

R.Martins


Cirugia Ortognática: Qual a vantagem da segmentação de maxila?

Boa tarde,

Long time no see!

Fiquei algum tempo sem postar, então por isso peço desculpas a vocês, estive ocupado com alguns artigos e com a co-orientação de uma tese sobre alças que logo coloco os resultados aqui! Novidade no pedaço.

Mas vamos lá, o assunto de hoje é ortognática! Esses dias me perguntaram se eu sempre peço para o cirurgião buco-maxilo segmentar a maxila em 3 peças nas cirurgias onde eu faço preparo cirúrgico.

É claro que não. Entretanto, em alguns casos a segmentação pode trazer algumas vantagens ao preparo cirúrgico e também solucionar problemas causados por um preparo deficiente.

Dentre esses casos está a situação onde o paciente possui um plano oclusal a ser modificado e que alterará a posição dos incisivos superiores de forma indesejada.

Olhem o exemplo abaixo:

Foi planejado para esse paciente hiperdivergente, com queixa de apnéia, uma rotação anti-horária da maxila, o que iria acarretar em uma excessiva vestibularização dos incisivos superiores (os quais já são um pouco inclinados para anterior) se a maxila permanecesse inteira. Nesse caso o preparo ortodôntico pediria duas extrações superiores e um consequente avanço maxilar, o que não seria adequado.

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A outra alternativa seria não rotacionar o plano oclusal, o que também não seria interessante (a queixa inicial do paciente envolve apnéia, e o planejamento pretende rotacionar a mandíbula no sentido anti-horário) se eu pretendo que ele durma bem.

Como o planejamento envolveu a segmentação da maxila em 3 peças, o cirurgião pode deixar os incisivos mais verticalizados independente da movimentação do plano oclusal, o que gerou um bom resultado ortodôntico-cirúrgico.

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Para aqueles que gostam de um final feliz, sim…o paciente hoje conta carneirinhos sem problemas!

 

Um abraço a todos,

R.Martins

 

 

 


Ainda sobre níquel-titânio: Memória de forma

Bom dia,

 

Outro dia me perguntaram o que são essas linhas pontilhadas abaixo do gráfico de carga/deflexão dos fios de NT (que eu postei outro dia: http://blog.martinsortodontia.com.br/fio-superelastico-vs-termoativado/ ) nos temperaturas ambiente de 60oC e 40oC.

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Essas linhas pontilhadas, abaixo do eixo X do gráfico, são a demonstração da recuperação da deformação martensítica reversível, também conhecida como memória de forma, através do aumento da temperatura do ambiente (para um melhor entendimento, observem que o gráfico é em 3D, com a adição de um eixo para variável temperatura).

Antes das perguntas….

Sim, memória de forma envolve necessariamente uma mudança de temperatura para a reversão da transformação de fase (da fase mole, ou martensítica, para a fase mais rígida da liga de NT, ou austenítica), e não somente a volta do fio a sua forma inicial através de uma recuperação elástica convencional pela remoção de carga (como muita gente pensa).

Portanto, quando uma mola de NT retorna ao seu formato inicial, dentro de uma mesma temperatura, isso não é memória de forma, e sim de recuperação elástica. A memória de forma ocorreria se o NT estivesse deformado (não produzindo força alguma) dentro de sua fase martensítica (abaixo de uma temperatura determinada) e se aumentássemos a temperatura ambiente, a mola retornasse a sua forma original.

Na ortodontia tiramos vantagem dessa propriedade muito pouco. Só a utilizamos nos fios de NT (depende qual) ou CuNiTi quando os esfriamos para encaixá-los em bráquetes muito fora de posição. Mas paramos de tirar proveito dessa propriedade logo quando a temperatura volta ao normal (depois do paciente fechar a boca), então essa propriedade, portanto, não é utilizada para movimentação dentária, somente para o engajamento do fio aos bráquetes, e não é essencial para quem sabe trabalhar com esses fios.

Por quê?

Porque quem sabe trabalhar com esses fios, pode induzir a transformação de fase cristalográfica através de pressão e não só por mudança de temperatura, como expliquei no post de NT. Na minha experiência, isso é suficiente para o correto engajamento dos fios aos bráquetes.

 

Abraço a todos,

 

R.Martins


Minimplantes: É hora de mudar de material?

Bom dia,

Todos nós sabemos que os minimplantes ortodônticos tem sua estabilidade dada primariamente pela sua retenção mecânica ao osso cortical. Essa estabilidade primária é mantida, ao longo do tempo, pela pressão uniaxial aplicada ao minimplante quando os usamos para auxiliar na movimentação dentária.

Diferente dos implantes utilizados para reabilitações, os minimplantes não tiram vantagem da estabilidade secundária, dada pela osteointegração do titânio ao tecido ósseo.

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Então agora vem a pergunta: Por quê os minimplantes precisam ser de ligas de titânio? Será que eles não funcionariam de maneira semelhante se fossem de aço inoxidável?

A primeira pergunta é respondida pelo fato de que os primeiros minimplantes ortodônticos (eficientes) feitos em larga escala pretendiam ser osseointegráveis…como os minimplantesda série “K” apresentados por Kanomi, em 97. Nós chegamos a utilizar esses em Araraquara no início dos anos 2000 e esperávamos 6 meses antes de aplicarmos forças a eles.

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A resposta para a segunda pergunta é provavelmente “Sim”. Inclusive já existem no mercado americano minimplantes Coreanos feitos de aço e que tem sua eficiência comprovada clinicamente por alguns amigos meus ortodontistas. Eles garantem que esses minimplantes funcionam tão bem quanto os de titânio.

Quais seriam as vantagens?

– Maior resistência a fratura,

– Custo mais baixo,

-Fio da rosca mais rígido, tornando o minimplante mais afiado e mais fácil de ser inserido.

 

Será que veremos no Brasil esses minimplantes disponíveis logo? Ou as empresas por já terem um maquinário desenvolvido para esse fim resistirão em produzí-los?

 

Abraço a todos,

 

R. Martins


Qual canaleta utilizar .018″ ou .022″?

Boa tarde,

Recentemente, um colega, Márcio, me fez uma pergunta em um dos comentários ao nossos posts, que transcrevo abaixo:

“Parabéns pelo blog Renato.

Já que falou em slot 018, entrando um pouco no assunto, poderia escrever algumas palavras sobre o porque da escolha pelo slot 018. Quais seriam as vantagens que você percebe no uso destes.

Obrigado!”

 

Bom, primeiro precisamos saber de onde saíram os dois tamanhos de canaletas. A primeira a ser adotada foi a 022″, que era a dimensão do aparelho edgewise inventado por ninguém menos que o Dr. E.H. Angle.

Por quê ele o fez dessa dimensão?

Porque o ourives que o fabricava os fios e o bráquetes só fabricava conseguia fabricar o sistema com a canaleta nesse tamanho, somente por conveniência o Dr. Angle aceitou. Não houve testes de força ou rigidez para se determinar essa dimensão.

E a canaleta .018″surgiu de onde?

Surgiu devido a utilização do aço inoxidável na ortodontia, e portanto, para compensar a diferença de dureza entre as duas ligas, ouro e aço.

 

A partir dessas informações (de que os tamanhos de canaleta que utilizamos não têm motivo inteligente nenhum para existir), eu continuo nossa conversa citando uma entrevista publicada pela Dental Press Journal of Orthodontics, ao Professor Joel Martins (meu pai) em 1998, poucos meses antes do seu falecimento em 1999.

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Apesar da entrevista ser fantástica (ela é de 98, quando a  net ainda estava engatinhando), com repostas predizendo aparelhos do futuro,

“Hoje com a facilidade de transmissão de dados, e até de imagem via computador, com a competição maior entre as indústrias, talvez seja possível enviar os dados via Internet para o fabricante, que vai mandar de volta um aparelho com prescrição bem específica e individualizada, que só servirá para aquele paciente.”

Eu vou copiar aqui uma resposta que ele deu sobre os slots que vale para os dias de hoje:

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Vale a pena citar que essa entrevista é anterior a prescrição MBT, que compensa a folga de 12 graus no slot .022″ (se me recordo bem ela foi lançada em 99)…interessante ou não?

Para quem quiser ler na íntegra a DPJO deixou um link aberto para ela no endereço http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&cad=rja&ved=0CCsQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.dentalpress.com.br%2Fartigos%2Fpdf%2F140.pdf&ei=C0R-UrbeA9Kv4AO2v4CQCw&usg=AFQjCNHSbpT1X-1lZ2YFdJimhI6omoq6og

De qualquer forma, vamos para a minha visão do assunto.

Eu acho que HOJE, devido ao fato de termos as várias prescrições disponíveis disponíveis no Brasil e de termos acesso a fios com módulos de elasticidade que desejarmos, a preços razoáveis, a diferença entre as dimensões das canaletas fica cada vez menor…(apesar de elas já serem bem pequenas…rs)

Porque as prescrições são importantes? Porque você pode compensar a folga de 12 graus no slot .022″ dada por um fio .019″ X .025″ com uma prescrição que adicione esses 12 graus a posição desejada…então no casos de um incisivo central, que você deseja que esteja com 7 graus de inclinação línguo-vestibular, você pede um bráquete com 19 graus (MBT). Se você achar que você precisa de mais inclinação, porque a tolerância da dimensão da canaleta e do fio que você usa não são precisas, utilize uma outra prescrição, com 22 graus (Ricketts). No passado, era muito difícil comprar um aparelho pré-programado que não fosse o Roth, e esse era um argumento válido para se utilizar essa prescrição…mas agora encontra-se qualquer uma com facilidade.

Porque os fios são importantes? Porque para chegarmos aos fios de finalização necessitamos de menos fios com a canaleta .018″ do que com a .022″. Agora, o fio de escolha para a finalização depende da prescrição que você utiliza.  Por exemplo, no caso de utilizarmos, no slot .018″, a prescrição de Alexander teríamos que finalizar no fio .017″ X .025″, mas se utilizarmos a prescrição MBT poderíamos utilizar um fio .016″ X .022″ para finalizarmos com um controle de torque de incisivos semelhante (com algumas exceções, é claro).

De qualquer forma, com a canaleta .022″ precisa-se de mais um ou dois pares de arcos para se chegar aos fios de finalização, dependendo do qual você vai utilizar ( é lógico que eu estou assumindo que nessa canaleta ninguém vai utilizar fios menores que o .019″X.025″ para finalizar, o que não seria muito coerente com as prescrições de hoje). Mas, é claro que isso pode ser diminuído se fios de copper niti (cóper e não cuper…) retangulares forem utilizados. Uma sequência racional poderia ser um NT .014″, CuNiTi 40 oC .018″ X.025″, B-Ti ou aço .019″X .025″, mas ela ainda força um pouco a barra, uma sequência mais barata e porém mais longa e mais tranquila seria a de um NT .014″, NT .017″x.025″, NT .019″X.025″ e aço ou B-Ti .019″X.025″.

Mas o grande problema são as dobras de finalização. Tenho contato constante com ambas, já que eu utilizo a canaleta .018″ no consultório e oriento meus alunos em ambos nos cursos de especialização com canaletas .022″. Como trabalho com os dois, eu SINTO que determinadas dobras em fios mais rígidos de aço (.019″ x .025″), são mais difíceis de serem engajadas ao aparelho ortodôntico sem soltar os bráquetes ou sem deformar o fio. É lógico que alguém pode argumentar que utiliza fios de B-Ti na finalização com canaleta .022″, (um fio de B-Ti .021″ x.025″ produz forças similares a um fio .017″X.025″ de aço) mas o argumento volta ao fato de se aumentar o número de arcos no tratamento. Conclusão, eu acredito que a canaleta .018″ é mais prática, por isso eu a utilizo…mas se o ortodontista gastar mais e prolongar o tratamento um pouco, ele pode utilizar a canaleta .022″ sem prejuízos significantes.

Finalmente, para aqueles que desejam um tratamento rápido para os seus pacientes, por cobrarem fechado por exemplo, podem ter um “boost” no seu tempo de tratamento utilizando canaleta .018″. Sugiro a leitura do artigo clínico publicado em 2010, no Angle, pelo grupo de Indiana (http://www.angle.org/doi/pdf/10.2319/060309-315.1), onde eles encontraram um menor tempo de tratamento com a canaleta menor.

 Um abraço e bom domingo para todos,

R.Martins