O parte mais difícil no ensino da técnica do arco segmentado é conseguir transmitir para os colegas quando vale a pena usá-la.
Uma vez ouvi de um ortodontista: “Eu uso a TAS em TODOS os meus casos.”
Pensei comigo mesmo…”Que bobo, será que ele não sabe que na maioria dos casos ele não precisa da TAS?”
Mas é verdade, o próprio conceito de sistema estaticamente determinado e indeterminado serve para dar-nos uma pista de quando vale a pena ou não usar essa técnica complicada, mas efetiva. Quando não faz diferença usar straightwire ou TAS para produzir um sistema de forças, não é muito inteligente usar-se a TAS. Eu mesmo, apesar de usar bastante os conceitos que aprendi com a TAS (não existe melhor forma de se entender biomecânica do que aprendendo essa técnica), devo usar os seus recursos em talvez 20%-10% dos meus casos.
Um dos casos onde o straightwire perde em eficiência para a TAS é na intrusão de dentes de extremidade do arco. O nosso arco ortodôntico tem um formato muito parecido com os arcos de sustentação das catedrais medievais. Os construtores medievais sabiam que as extremidades eram frágeis e que o cume do arco era mais resistente.
É muito difícil aplicar-se o sistema de forças desejado num fio reto a um segundo molar, por exemplo. Intruí-lo com uma dobra é muito difícil, não porque ele extruiria o primeiro molar, mas porque a flexibilidade do fio impede a correta aplicação de forças e momentos. É a flexibilidade do fio e sua deformação que faz com que uma dobra em degrau entre dois dentes não intrua de forma pura um deles (vide as 6 geometrias de Burstone). Nesse caso (intrusão) podemos hoje utilizar um ou dois minimplantes, ou uma alça retangular como a vista aqui embaixo.
Abaixo podemos ver um caso onde desejávamos a intrusão de um segundo molar. Nesse caso a movimentação durou 3 meses.
Nesse caso o molar foi intruído para permitir a verticalização de um segundo e terceiro molares inferiores. Alguns detalhes a serem reparados:
– A alça é feita de TMA .017″ x .025″,
– A slot é .018″, inclusive do tubo auxiliar do primeiro molar (tubo importado, os nacionais não tem controle do slot auxiliar),
– Ocorreu uma pequena perda de inclinação vestíbulo distal devido à folga e que precisa ser corrigida,
– A alça retangular está sendo usada como adjunta a outra técnica,
Agora, CUIDADO:
A alça retangular não é simplesmente construída com um formato onde ela intruíria o molar até onde queremos, é um pouco mais complexo que isso. Existe locais específicos para a sua pré-ativação e isso não é complicado de se fazer, mas precisa-se uma base em TAS. A ativação não segue regra de bolo, como já pudemos ver alguns colegas explicando ou em alguns roteiros e manuais por ai.
Se algum de vocês presenciar explicações e/ou execuções MUITO simplificadas da TAS, tipo “dê uma dobra aqui e pronto”, fujam…pode ser macumba!
Espero que tenham gostado.
Um Abraço e boa noite,
R.Martins
Olá Renato, muito boa sua explanação sobre a TAS, tbem a uso em alguns casos (não todos, pois não é minha formação), mas pude aprender um pouco através de alguns professores. Por ultimo tive uma aula com o prof. Acácio, foi muito bom e bem aproveitado, mas sinto que preciso ainda ter mais conhecimento sobre o assunto. Parabéns pelo blog.
Rodrigo Ravazzi
Obrigado pelo sempre bem vindo elogio, Rodrigo!
um abraço,
R.Martins
Dr. Renato Martins, o Sr. teria algum artigo dessa alça ou de outras alças para intrusão de molares.
Parabéns pela explanação
Obrigado
Ótimo blog! Um colega me indicou e estou lendo todos os posts.
Sobre esses post, poderia complementar ele com um esquema explicando a ativação?
Prezado Gustavo,
Tudo bom! Obrigado pelo elogio. Eu complementei a explicação a pedido de um colega e agora seu também e vou publicá-la na minha coluna sobre biomecânica na Dental Press Clínica em sua próxima edição. Assim que sair posto aqui!
um abraço,
R.Martins