Bom dia,
A estratégia de estresse diferencial no ligamento periodontal pode ser utilizada não só para fechamentos de espaços, como nas molas T assimétricas, mas também para a correção de mordidas cruzadas unilaterais dentárias. Para isso, uma simples barra palatina pode resolver o problema. De alguns anos para cá, tenho utilizado essa estratégia em vários pacientes, com 100% de sucesso.
Como a mordida cruzada dentária advém de uma inclinação vestíbulo-lingual alterada, a correção dessa inclinação promove a correção da condição. A grande dificuldade, entretanto, é de não alterar a relação vestíbulo-lingual dos molares do lado oposto. Como fazer isso? A ativação ocorre de forma simétrica no sentido línguo- vestibular (no eixo X), expandindo ambos molares, e assimétrica no sentido cérvico-oclusal (no eixo Z), gerando momentos diferenciais no eixo Y. Isso gera uma proporção momento-força compatível com inclinação no lado do cruzamento e uma proporção momento-força compatível com translação no lado onde não há problema transversal.
Observações:
– Muito cuidado com essa mecânica, pois ela gera forças verticais devido ao equilíbrio do sistema (como em molas assimétricas);
– O fio por vestibular é um NiTi .014″ (primeira e terceira foto) e .016″x.022″ (segunda foto) e ele não tem influência na mecânica;
– Técnica do Arco segmentado efetiva é assim: transformar o difícil em fácil no início do tratamento e depois…fio contínuo!
Um abraço a todos,
R.Martins
Olá Renato,
Excelente Post.
Gostaria de confirmar se compreendi direito.
Teríamos então na unidade ativa (a ser descruzada):
Força vestibular x + momento x (“torque” vestibular de coroa) + força extrusiva y
Na unidade reativa teriamos:
Força vestibular x + momento x (“torque” vestibular de coroa) + momento y (“torque” vestibular de raiz) + força intrusiva y
Está certo?
Outra pergunta, o que você pensa sobre a substituição de uma BTP em aço, usar um arco palatino em “U” com TMA 0.8 ou 0.9? Assim teríamos uma melhor relação carga/deflexão, consequentemente uma força mais constante. Seria uma boa idéia?
Abraços
Bom dia Rowan,
Obrigado pelo comentário! Boas perguntas.
Vamos lá. Vou colar sua pergunta e responder abaixo.
“Teríamos então na unidade ativa (a ser descruzada):
Força vestibular x + momento x (“torque” vestibular de coroa) + força extrusiva y”
Força vestibular e extrusiva – certo!
Momento ao redor do eixo x (inclinação mesio/distal, referente ao momento ao redor do eixo vestíbulo-lingual) – não é para haver. Mas deve ter sido um erro de digitação seu. Vou assumir que você está se referindo ao momento ao redor no eixo z (mesio-distal). obs….eu uso o z para força vertical, mas como vc já colocou o y como vertical, vamos assumir nessa conversa que o z é mésio distal.
Momento em z – certo, mas depende da deformação e a geometria não corresponde a de fio reto (descrita por Burstone). Nesse caso vai haver um de sentido oposto o da unidade reativa e de metade da intensidade (calculado no loop).
“Na unidade reativa teriamos:
Força vestibular x + momento x (“torque” vestibular de coroa) + momento y (“torque” vestibular de raiz) + força intrusiva y”
Força vestibular em x – ok
Força intrusiva em y – ok
Momento ao redor do eixo x (inclinação mesio/distal) – não é para haver.
Momento em y – ok, mais ou menos o dobro do que ocorre na unidade ativa (calculado no loop software).
Pode ser que você esteja tentando incorporar o momento da força no seu cálculo de vetores. Por isso dois momentos. Na minha opinião, incorporar os momentos das forças só é legal em sistemas determinados. Nos indeterminados a gente costuma a calcular forças e momentos nos bráquetes, pois a direção dos vetores é impossível de ser estimada com precisão num ambiente clínico.
“Outra pergunta, o que você pensa sobre a substituição de uma BTP em aço, usar um arco palatino em “U” com TMA 0.8 ou 0.9? Assim teríamos uma melhor relação carga/deflexão, consequentemente uma força mais constante. Seria uma boa idéia?”
Para essa ativação não, pois na deformação dela você acaba tendo uma ativação que pode gerar um momento em x (inclinação mésio-distal). O design em ferradura é bom para ativações de rotação, ou momentos no eixo vertical (eixo y, na sua nomenclatura).
Quanto a usar B-Ti, sou a favor quando possível, sim.
Abraço,
R.