Boa Tarde pessoal,
Tivemos alguns problemas no wordpress e acabamos perdendo duas postagens, a sobre os bráquetes autoligáveis e a sobre minimplantes. A dos bráquetes eu encontrei, mas infelizmente perdi a dos minimplantes e tentarei repô-la o mais rápido possível. Enquanto isso, aproveitem um pergunta sobre prescrições.
Abraços
R.Martins
PS. Como ontem dei uma aula sobre isso no GESTOS, achei que valeria a pena postar aqui
Gostaria de saber se pode-se considerar que a técnica de Roth foi desenvolvida apenas para o slot 0.022″? Devo usá-la?
Ela foi desenvolvida primariamente para o slot .022″, mas uma melhor afirmação seria dizer que ela foi desenvolvida para ser finalizada com um fio ocupando praticamente todo o slot, portanto ela também pode ser utilizada com slot. 018″ se esse cuidado for tomado. Uma boa forma de fazer as pessoas entenderem essa verdade é utilizando o exemplo da prescrição do bráquete dos incisivos. O Larry Andrews, na sua pesquisa de 100 casos de oclusão normal, determinou que a inclinação (torque) média da face vestibular dos incisivos centrais em relação a uma perpendicular a um plano paralelo ao oclusal era de 7 graus.
O aparelho straight wire desenvolvido por ele considera esse plano como o ” fio” ortodôntico ideal que utilizamos. Entretanto, para obter essa inclinação com a ajuda de um bráquete e um fio, deve-se computar a folga que existe entre a interface bráquete/fio, a folga CALCULADA é de aproximadamente 4 graus para cada ,001″ de folga.
Assim sendo, um fio ,021″ X ,025″, tem um folga de 4 graus quando utilizado num bráquete ,022″ e, portanto, um bráquete de incisivo somente ofereceria 7-8 graus de torque efetivo a esse dente se a prescrição fosse de 12 graus, para um incisivo sendo retraído, por exemplo. Fica claro que, utilizar a prescrição de Roth 022″ com um fio ,019″ X ,025″ (12 graus de folga) num caso de retração de incisivo superior não seria muito interessante, pois esse bráquete de 12 graus de torque permitiria que o incisivo inclinasse até 0 (zero) graus de inclinação, praticamente agindo como um fio redondo. Para esse fio, a prescrição do MBT vale mais a pena, pois tem 19 graus de torque, permitindo que o incisivo durante a retração não passe da inclinação de 7 graus, devido à folga de 12 graus.
Mas esses valores são calculados, na realidade sabe-se que essas folgas são maiores, pois não há como cortar os bráquetes e os fios com bordas perfeitas (a não ser com laser ou com outra técnica mais elaborada do que as originais).
Numa conversa com o Rich McLaughlin, em Sandy, Utah, eu perguntei a ele porque não aumentar a prescrição para alguns graus a mais. E a resposta foi: “Renato, já pensei nisso. Talvez com a falta de precisão de hoje, 22 graus fosse mais adequado para os incisivos (prescrição Hilgers ou Ricketts), mas com a empresa que eu trabalho hoje (Opal) não vejo necessidade, pois eles conseguiram dominar a precisão da canaleta.”
Portanto, se você usa slot .022″ e quer finalizar num fio .019″ X.025″, você precisa da prescrição MBT e não Roth.
Apenas para complementar o artigo sobre prescrições, o raciocínio oposto vale para os casos em que se deseja projetar incisivos com controle de torque e espera-se fazê-lo com calibre máximo .019″ x .025″. Neste caso o bracket dos centrais, por exemplo, deveria ter -5 graus e os laterais -9 graus, para finalizarmos próximos à prescrição de Andrews. Isto equivale, aproximadamente, a inverter 180 graus brackets centrais de Andrews e laterais de Roth!! Eventualmente faço coisas do tipo… Grande abraço!!
Prezado Stefan,
É um prazer tê-lo no meu blog.
Obrigado pela contribuição, é esse tipo de pensamento que pretendo sempre estimular nos meus posts.
A criatividade deve estar sempre amparada pelo conhecimento mecânico. Utilizar peças de um dente em outro, peças invertidas e de ponta-cabeça são armas devem estar sempre no arsenal do ortodontista!
Um abraço,
R.Martins
O prazer é todo meu, Renato! Grato pelas tuas palavras e por dividir conosco tuas experiências e conhecimento. Admiro tua trajetória e me identifico com tua paixão pela mecânica. Vida longa a este espaço! Parabéns!!
Muito bom !
Mas fica a dúvida né , como uma empresa pode dominar tão bem o desenho da canaleta, cabe até uma pesquisa sobre essa problemática !
Gostei da publicação e sinceridade , mas não tem como acreditar que a Opal solucionou o problema da canaleta !!!
Tudo bom Adalberto?
Obrigado pelo elogio. Fico contente que tenha gostado.
Grande abraço,
R. Martins
Boa noite Dr. Renato!
Parabéns pelo blog, muito bem feito e freqüentemente atualizado.
Existe um momento que o Dr. realiza a seguinte observação: ” Fica claro que, utilizar a prescrição de Roth 022″ com um fio ,019″ X ,025″ (12 graus de folga) num caso de retração de incisivo superior não seria muito interessante, pois esse bráquete de 12 graus de torque permitiria que o incisivo inclinasse até 0 (zero) graus de inclinação, praticamente agindo como um fio redondo. Para esse fio, a prescrição do MBT vale mais a pena, pois tem 19 graus de torque, permitindo que o incisivo durante a retração não passe da inclinação de 7 graus, devido à folga de 12 graus.”
Na verdade ao existir uma folga de 12 graus, esta folga permite um movimento vestibular de coroa +6 graus ou lingual de coroa de – 6 graus, portanto em um braquete de 12 graus de Roth nós teríamos no máximo 18 graus e no mínimo de 6 graus, e não os 0 graus como o Dr. havia comentado acima.
Isto ocorre pois ao realizar um torção(torque) no fio (ou presente no slot do braquete) de + 6 graus, por o fio ser uma figura geométrica retangular o mesmo irá ocupar um espaço de 12 graus( 6 para cima e 6 para baixo), ou seja ele “gira” para cima 6 graus e simultaneamente para baixo 6 graus, bastando um “giro” de 6 graus para ocupar a folga de 12 graus.
A leitura de +6 graus sempre ocorrerá quando forçarmos uma força para a vestibular(avanço) e -6 graus quando forçarmos um movimento para lingual(retração).
Portanto em uma retração com Roth teríamos a inclinação mínima de +6 graus que é bem próximo dos +7 graus de Andrews.
Para termos um torque de 0 em roth, a folga deveria ser de 24 graus durante a retração…….
Por favor me esclareça se eu estiver errado!
grande abraço!
Prezado Pedro,
Muito obrigado por dedicar o seu tempo a ler meus posts e inclusive questionar. Fico feliz que tenha gostado! Tenho tentado escrever pelo menos duas vezes por semana.
Bem, quanto às folgas, os cálculos são sempre feitos paralelamente à canaleta do bráquete. Então quando a literatura científica, a não-científica, ou alguém menciona “folga”, ela é sempre no sentido horário “E” no anti-horário. Isso quer dizer que uma folga de 12 graus, produzida por um fio .019″ X .025″ numa canaleta .022″, seria de 12 graus com o fio girando para um lado e 12 graus girando para o outro. Assim sendo, de acordo com o seu raciocínio, 24 graus, mas normalmente a literatura se refere a folga indo só para um lado.
Existe um grande número de publicações nas revistas científicas de maior impacto sobre esse assunto. O mais fácil de se ler e entender, na minha opinião, é o artigo do Creekmore publicado em 1993 no American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, intitulado “Straightwire: The next generation”. Nessa publicação ele descreve não só as folgas em 3a. ordem como também as de 2a. ordem. Nesse artigo, ele também produziu um diagrama que pode te esclarecer melhor, já que um “desenho vale por mil palavras”.
Espero ter te ajudado e um grande abraço,
R.Martins
Acabei de entender o seu comentário!
Concordo com o Dr.! A folga(slot play) seria de + ou – 12 graus, o que não significa 24 graus, apenas a possibilidade de movimento para lingual e vestibular de 12 graus….
Mais uma vez muito obrigado!
grande abraço!